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Uma das consequências da presença de ftalatos no nosso organismo é a ocorrência de hepatotoxicidade e de carcinogénese. Um dos ftalatos que possui um dos papéis mais mediáticos nesta situação é o DEHP. Aquando no nosso organismo, este vai ser rapidamente metabolizado nos seus metabolitos primários e secundários. Estes, por sua vez, vão ativar os macrófagos que irão estimular determinados recetores. - Dois que desempenham um importante papel nestas manifestações são o PPARα (recetor α ativado pela proliferação dos peroxissomas) e o RXR (recetor X retinoide). Estas duas unidades tendem a combinar-se de modo a formar um heterodimero denominado de PPARα-RXR, ao qual se ligam, especialmente, na região promotora dos genes que controlam a proliferação dos peroxissomas - PPREs. [17]

 

A transcrição destes genes é ativada pela ligação do complexo acima referido. Como consequência desta situação, verifica-se um aumento da síntese de DNA, a proliferação dos hepatócitos, hepatomegalia, a indução da expressão de peroxissomas e de enzimas microssomias, o que leva ao aumento do seu número, e a supressão da apoptose dos hepatócitos. As enzimas presentes nos peroxissomas participam no metabolismo dos ácidos gordos, aumentando a β-oxidação dos ácidos gordos nos tecidos. Como resultado deste fenómeno, dá-se a formação, e a consequente libertação, de espécies reativas de oxigénio (ROS) e de enormes quantidades de peróxido de hidrogénio que, de uma forma geral, agrava a lesão tecidular. – [16,17]. Assim, apesar de baixos, os níveis de stress oxidativo que são mantidos constantes, provocando lesão no DNA e desenvolvimento de adenomas e de carcinomas. Sabe-se ainda que o desenvolvimento destas manifestações clinicas é dose-dependente de DEHP e que as células de Kupfer intervem afincadamente na formação de ROS, após exposição ao composto em causa. [17]

 

Estas conclusões acima descritas são claras no que diz respeito aos ratinhos. Contudo, nos humanos, as coisas ainda são um pouco dúbias no que diz respeito à associação entre a  proliferação dos peroxissomas e aos problemas no fígado. Neste seguimento, há estudos que tentam determinar se a causa de hepatocarcinogenicidade humana será a indução de oxidases produtoras de H2O2 e de catálases originando assim, um estado de stress oxidativo, responsável por provocar danos no DNA.[17]

 

Estudos demonstraram que os humanos apresentam uma alta insensibilidade aos efeitos da proliferação dos peroxissomas, comparativamente com outros seres vivos como os ratos. Este facto deve-se, provavelmente, a uma baixa expressão de PPARα no fígado humano, comparativamente com o existente no de outros animais. – a review. Para além disso, há ainda quem defenda que este fenómeno pode ainda ser explicado pela existência de polimorfismo associado aos peroxissomas, apesar das consequências funcionais disto serem desconhecidas. Note-se ainda que há dentro da mesma espécie ainda se podem verificar muitas diferenças nos recetores e que as vias de sinalização que eles mediam controlam, de forma independente, quer a proliferação celular – que conduz à carcinogénese, quer o metabolismo lipídico. [17]

MECANISMO DE AÇÃO

Hepatotoxicidade e carcinogénese : 

 

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 24 de Maio de 2016

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